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Série - Na minha e outras vozes.
Ultimamente não tenho conseguido escrever.
Agora mesmo, tomei água enquanto pensava nesse fato,
e no tempo que leva,
da cozinha ao corredor,
do corredor as teclas do computador,
e das teclas ao texto em pensamento
(que na verdade nunca deixo de escrever,
o da tela em branco é que sim).
Acontece, que meus sentidos curvam-se ao calor e a velocidade do dia
com entendimento e comoção,
mas então respondo a essa comoção e entendimento,
com um abafamento em mim e no mundo,
nutrido por um esquecimento terrível, que parece crescer
alimentado pelo meu próprio medo de vê-lo maior
(e que a beleza do mundo que me cerca diariamente)
- enquanto eu ando até a parada do ônibus,
rumo a faculdade, e outras pessoas que nunca vi, atravessam essa mesma rua
e seguem outra direção, ou dobram logo em seguida, e somem como aparecem, inteiras e ausentes, sem precisar explicar coisa de nada da vida delas.
Várias coisas aconteceram, misturaram-se pra que então,
esse momento dramático de média ou quase nenhuma escrita e aprendizado,
acontecesse, de fato.
Pouco escrever,
considerando não só
a proporção do que é escrito,
mas a validade e peso sutil das palavras,
que passa a preencher espaços vazios, paisagens nativas,
que se quer existiam,
e a sensibilidade e resistência
física e mental, diária,
da mente sob doses de insistência
do esquecimento e intolerância humana,
talvez não chegue a transcender.
Diante, de vista,
da capacidade talvez infinita do homem
de evasão da realidade.
Esse instante sem tanta inspiração,
calado, com o corpo e entendimento
amuado na mente, em mim,
na minha e outras vozes,
é também a voz rouca da fertilidade,
que goteja e anuncia a tempestade,
fruto de um trovão.
Friday, March 23, 2007
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1 comment:
prrrr!!!
:P
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