Espelho
espelho não mente.
não sente calor,
nem dor nas costas,
coceira não sente.
espelho não revida.
não se parte
em vários cacos-injuriados.
espelho não cura.
no chão, em pedaços,
não segura a estampa
ali madura,
do caju no cajueiro.
espelho não cria efeito-
não explica a sensação.
é de cabeça pra baixo,
o mesmo,
de uma ponta a outra,
igual.
foi com o homem que
inspirou solitária
a sua musa
na janela do avião
e para o homem
que crusou o atlântico
de barco, intacto,
embalado, debaixo de chuva.
o espelho nada percebe:
desatino fatal,
ou destino glorioso.
antigo ou novo,
reflete obsoleto
o olho cavado fora dele,
no único-rosto de vários homens,
ou homem único de vários olhos.
Monday, April 16, 2007
a gente e drummond.
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Friday, April 13, 2007
Sobre a distância
.
respeitar o silêncio do outro.
essa vontade de afogar pensamentos avulsos
na evasão do horizonte.
com o corpo omisso,
escrever nos olhos de quem ama:
a pura comoção
dos sentimentos dispostos ao longo dia
-
sensação escura que anoitece o homem
e não dura mais que um dia.
respeitar o silêncio do outro.
essa vontade de afogar pensamentos avulsos
na evasão do horizonte.
com o corpo omisso,
escrever nos olhos de quem ama:
a pura comoção
dos sentimentos dispostos ao longo dia
-
sensação escura que anoitece o homem
e não dura mais que um dia.
Tuesday, April 10, 2007
A mesma música, eu num sei quantas veiz.
.
poema oculto
não consigo extrair esse poema
que pousou feito estrela em mim.
vejo fio dele enquanto escuto uma valsa.
leio pedaços em outros poemas.
escuto-o quando vejo brilhar um par de olhos
bem perto, uma foto.
tento em vão ditar o que de mim sobrevive ao tempo,
ou o quê do mundo é são e belo,
ao querer atingir o ruído dos passos
desse poema que ocultou-se em mim - ou oculto já existia.
mas só ouso enchergá-lo.
pois jura meu coração em contestação
ao toque percebê-lo de um lado do peito,
no mesmo instante em que brota livre essa saudade e esperança,
do lado esquerdo do mesmo peito,
de enchergar tanta estrela que eu não via.
.
poema oculto
não consigo extrair esse poema
que pousou feito estrela em mim.
vejo fio dele enquanto escuto uma valsa.
leio pedaços em outros poemas.
escuto-o quando vejo brilhar um par de olhos
bem perto, uma foto.
tento em vão ditar o que de mim sobrevive ao tempo,
ou o quê do mundo é são e belo,
ao querer atingir o ruído dos passos
desse poema que ocultou-se em mim - ou oculto já existia.
mas só ouso enchergá-lo.
pois jura meu coração em contestação
ao toque percebê-lo de um lado do peito,
no mesmo instante em que brota livre essa saudade e esperança,
do lado esquerdo do mesmo peito,
de enchergar tanta estrela que eu não via.
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