Wednesday, August 02, 2006

O silêncio não reconhece seu lugar, está sempre presente.

Não queres falar comigo agora.
Não me dissestes nada.
Mas bem, partindo de tal pressuposto, do teu, por mim sondado, imaculado silêncio - não um indiferente e
glacial, rastro apático da bola de neve dalguns amores -, sei que não queres falar comigo.
Talvez tenha sido algo que eu falei. Ou mesmo que deixe de falar. Ambas as possibilidades (considerando aqui, das minhas, alguma natureza de vitalício egoísmo?)
apontam minha irregular capacidade de enchergar, assumir e revelar,
ações e sentimentos, inclusive dos que também não ouso questionar.
Não queres falar comigo agora...
Que coisa deveria eu dizer, se não em minha ânsia de te fazer "ouvir-me", devotar maior respeito ainda ao teu silêncio, silenciando também meu verbo
inflamado de contradição e receio?
Não queres falar comigo agora, tudo bem. Talvez ainda não possas dizer, senão ver, o quê do silêncio do mundo brota, assim que é fecundado junto do teu.

.victor hudson.

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